Sobre Mim

Quem sou eu? 

Sou um profissional com experiência internacional, tendo trabalhado em diversos países da América do Sul e da Europa, sobretudo nas áreas técnicas e de telecomunicações. Esta vivência além-fronteiras — geográficas e culturais — permitiu-me desenvolver uma visão mais ampla do mundo e das pessoas. Conviver com diferentes línguas, valores e realidades ensinou-me empatia, adaptabilidade e, acima de tudo, humildade. Mas para compreender verdadeiramente quem sou, é preciso ir além do currículo.

Uma vida em constante reinvenção

O que recordo da minha infância é um misto de carinho, caos e descoberta. Cresci num bairro onde a sobrevivência ensinava mais depressa do que qualquer escola. Ali, aprendi cedo a observar, a avaliar riscos, a respeitar os mais velhos e a desenrascar-me como podia. Aos 11 anos, comecei a trabalhar como ajudante na construção civil e vendia gelados nas praias. Convivi com pessoas de todo o tipo — desde aquelas que ainda sonhavam até às que já tinham desistido. A rua ensinava o que nenhum livro mostrava: como mentem os olhos, como fala o corpo, como se sobrevive num ambiente onde confiar é um luxo raro.

Na adolescência, vivi intensamente. Experimentei os extremos: os primeiros amores, as aventuras ousadas, as brigas de rua — algumas deixaram cicatrizes visíveis no meu corpo —, o dinheiro fácil, as festas intermináveis. Também conheci o lado mais sombrio da noite: drogas, sexo sem sentido, fugas, perdas e descobertas. Nunca fui um rebelde sem causa. Havia sempre algo mais profundo que me movia: a vontade de compreender o que fazia aqui. E por trás de tudo isso, havia o amor silencioso pela minha mãe — a figura que, com o seu exemplo e presença firme, me fazia pensar duas vezes antes de cruzar certos limites. O ponto de viragem deu-se quando consegui o meu primeiro emprego formal numa multinacional de prestígio. Aí, comecei a canalizar a minha energia para algo construtivo. Depois de muitos anos de experiência prática — desde a instalação de redes em regiões remotas até à coordenação de grandes projectos —, construí uma carreira sólida. Já na Europa, essa trajectória prosseguiu, mas algo dentro de mim começou a pedir mudança. Há cerca de um ano, decidi escutar esse apelo interior.

Foi longe da minha terra natal que a minha vida realmente se transformou. Aqui, sem o peso do passado e sem ninguém que me conhecesse, pude reinventar-me. Descobri o poder dos livros, reencontrei a minha sede de conhecimento e passei a cultivar relações mais profundas. Conheci pessoas que se tornaram pilares na minha vida — entre elas, o meu mestre Mendes, um senhor de 92 anos cuja sabedoria e presença me marcaram para sempre. Sei que o dia em que ele partir deixará um vazio profundo na minha alma. Desenvolvi um interesse profundo pela filosofia — especialmente pela filosofia estoica e pela sabedoria inca, que carrego como herança da minha cultura de origem. Estas visões do mundo tornaram-se bússolas internas. Acredito que tudo está interligado: o ser humano, a natureza, o cosmos. Essa conexão sempre esteve viva dentro de mim — só precisei de silêncio para conseguir escutá-la.

Sinto-me profundamente ligado ao universo. E essa ligação transformou também a forma como vivo a sexualidade. O sexo, para mim, deixou de ser apenas prazer ou procriação. Hoje, compreendo-o como algo sagrado — uma ponte entre almas. No meu caso, entre o masculino que sou e a alma feminina com quem escolho unir-me. Quando vivido com presença e verdade, o sexo cura, revela e fortalece aquilo que há de mais autêntico em nós. Não acredito que sejamos sempre os mesmos. Estamos sempre a mudar, a aprender, a desaprender. Cada novo acontecimento tem o potencial de provocar uma pequena — ou grande — transformação dentro de nós. E foi precisamente esse movimento que me trouxe até aqui.

Hoje continuo a trabalhar para garantir o sustento daqueles que dependem de mim, mas com a consciência de que a minha alma precisa de algo mais. Por isso, decidi formar-me em Psicologia e estou a preparar-me para exercer como coach. Quero apoiar quem procura transformação, quem sente que tem mais para dar, mas ainda não encontrou o caminho. Não sou um especialista — sou alguém em processo, em busca, em construção. E é justamente por isso que acredito poder guiar outros nesse mesmo percurso.  Escrevo aqui porque escrever é um dos meus maiores desejos — e sei que só se escreve bem com prática. Este blog é também um espaço de treino, de expressão e de reencontro comigo mesmo. E se algo do que aqui encontras te tocar, então este espaço já cumpriu o seu papel.

“Texto escrito por alguém em construção — com o coração aberto e os pés a firmar raízes”