Bob Dylan: Um Prémio Nobel de Literatura

Num dia comum, sem planos concretos e com um certo tédio, decidi passear pelo centro comercial da minha zona. Sem dar por isso, os meus passos levaram-me até à zona dos cinemas, onde descobri que estava em cartaz um filme sobre a vida de Bob Dylan, o lendário cantor e poeta que, para surpresa de muitos, ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 2016 (ler mais sobre a controvérsia).

Tal como muitos outros críticos literários influentes, também eu, na altura, questionei a decisão de lhe atribuir tão prestigiado galardão. Escritores renomados como Harold Bloom, Mario Vargas Llosa e Irvine Welsh (as críticas mais duras aqui) manifestaram o seu ceticismo. Bloom chegou a dizer que «dar o Nobel a Dylan é como premiar o Mickey Mouse», enquanto Welsh o classificou como «um gesto nostálgico de hippies senis». No entanto, apesar de a minha opinião não ter impacto no panorama mundial, desfruto do direito de a expressar.

Decidi entrar na sala, aproveitando uma promoção especial que incluía entrada e jantar por apenas 11 euros. Para minha surpresa (ou talvez não tanta), fui o único espectador. A sensação de exclusividade foi incomparável: como se estivesse em casa, acomodei-me e cumpri o ritual de sempre, colocando o telemóvel em modo avião para me imergir por completo na experiência.

Desde os primeiros minutos, o filme prendeu-me. Não só retratava a vida de Dylan, como transmitia a sua profunda ligação à escrita. Ao ver a primeira cena em que interpretava uma das suas músicas, enquanto as letras apareciam no ecrã como versos suspensos no ar, senti um respeito renovado pela sua arte. Dylan não apenas canta, ele escreve a vida com a sua voz áspera e a sua guitarra como testemunha. Conseguiu fundir a literatura com a música de forma tão natural que as suas letras se tornam poesia viva. Foi capaz de conectar duas artes e criar uma terceira, um híbrido de emoções que transcende o tempo e as gerações.

Confesso que algumas letras me fizeram chorar. A sua música não só conta histórias, como nos faz senti-las. O filme, no seu todo, foi uma obra-prima não apenas pelos seus atores, mas pela harmonia de todos os elementos. Cada interpretação, por menor que fosse, contribuiu para uma experiência cinematográfica inesquecível.

Se alguma vez questionaste o Prémio Nobel de Dylan, como eu fiz, guiado pela ignorância e por nunca ter ouvido uma das suas músicas, talvez este filme te faça reconsiderar. Porque a arte, em todas as suas formas, tem o poder de transformar, emocionar e ligar mundos que pareciam distantes.

«Desde este humilde recanto digital, o meu respeito e admiração por ti, Bob. Obrigado por escreveres canções que soam a lar»

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