Depois de um início de domingo carregado de tensão, segui com os meus planos sem grandes expectativas. O destino era o Jazzy, um espaço vibrante no coração de Lisboa. Sem grandes expectativas, apenas com a aceitação de que a vida tem os seus caprichos e pode colocar pessoas maravilhosas – ou nem tanto – no meu caminho. Mas sei que todas, sem exceção, deixam a sua marca, trazendo algo que, de alguma forma, me completa, me transforma e me ensina.
Ao chegar ao Jazzy, estacionei o carro e caminhei em direção à entrada. O ambiente já me era familiar, acolhedor, quase íntimo. Fui recebido pelo sorriso caloroso da recepcionista, que, como de costume, me cumprimentou com gentileza. Depois de pagar a entrada, atravessei a porta e senti imediatamente a energia pulsante do espaço. A melodia envolvente preenchia o ar, o som dos passos misturava-se com o riso solto dos que se deixavam levar pela dança. E ali, naquele instante, soube que aquela noite prometia algo mais do que apenas música e movimento.
O meu instinto levava-me à sala de Bachata, mas algo inexplicável atraiu-me para a sala de Salsa. O ambiente vibrava com alegria, sorrisos espalhados por toda a parte e uma energia contagiante preenchia o ar. Foi quando uma senhora me chamou para dançar e aceitei com prazer e aproveitei cada momento, mas ainda assim não me convenci a ficar naquela sala. Ao final da música, algo capturou a minha atenção – uma jovem mulher possuidora de um brilho especial e um look desafiante a o tradicional look feminino.
Sentada, de braços e pernas cruzadas, vestida com prendas que quase conduzima com as cores das minhas, uma camisola sem mangas brancas e umas calzas pretas. Mas o que me prendeu a atenção não foi apenas isso. O seu look exalava uma mistura de mistério e luz. Os olhos, adornados com pequenos desenhos cintilantes, pareciam conter um universo inteiro dentro deles. Eram negros como a noite mais profunda, intensos como se escondessem segredos que apenas o tempo revelaria. Ela observava tudo com um entusiasmo contido e uma certa timidez.
Aproximei-me e estendi a mão, confiante de que aceitaria. Mas, por alguma razão, tive a impressão de que era uma boa dançarina mas fiquei surpreso ao vê-la hesitar entre aceitar e recusar. Foi então que, encorajada pela amiga, finalmente aceitou e com voz baixinha, confessou que era sua primeira vez dançando. Olhei-a fixamente e respondi com suavidade: «Relaxa, está tudo bem.»
Ela ficou por um instante com o olhar perdido no horizonte e a música começou, mas o som era apenas um detalhe. Eu estava hipnotizado pelo momento, pela sua beleza singular. Dançamos duas músicas sem precisar de palavras, apenas trocando olhares e sorrisos. Ao final, elogiei sua evolução e disse-lhe que só precisava continuar dançando para ganhar confiança. Fiz uma promessa: voltaria em trinta minutos. Trinta minutos que pareceram uma eternidade.
Mesmo já estando na sala de Bachata, algo de mim havia ficado com ela. Assim que regressei e não a encontrei onde tinha ficado, avistei-a num outro canto, não muito longe. Aproximei-me por trás e toquei levemente no seu ombro. Quando se virou, sorri, mostrei o meu relógio e disse-lhe: «Agora quero ver se melhoraste.»
Com um olhar doce e uma ponta de tristeza, confessou que não havia praticado nada – dentro de mim cabeça saltaram perguntas silenciosas; Não dançou nada? Será que os homens de este social estão todos cegos? – Mas continue e brinquei, fingindo desaprovação, e rimos juntos. Em seguida, puxei-a para a pista para continuar dançando. Desta vez, a conexão intensificou-se. O seu grande sorriso de felicidade iluminava todo o ambiente, como se o mundo tivesse ganhado mais cor apenas por apenas ela sorrir, pois havia algo na forma como sorria, como se cada curva dos seus lábios contivesse uma promessa de alegria e descobertas……Eu com certa vergonha olhava para os seus lábios o seu rostro tudo, o seus olhos, sentia que os nossos corpos tentavam comunicar e estar alinhados com o ritmo da música, havia momentos que nossos corpos juntavanse ficavam perto um do outro a sus mãos entrelazadas com as minhas e sentia que não queria afastarme dela nunca na minha vida a minhã alma gritava em silencio barulhento, que não conseguia entender más conseguia sentir o que o silencio dizia. Por vezes sentia a sua pele quente sob a palma das minhas mãos, quando elas tocavam parte do seu corpo nu, algo nela talvez o seu perfume misturando-se ao ar, eram muito atraentes a os meus instintos, habia momentos em que os seus lábios roçavam levemente os meus em quanto os nossos corpos se encontravam muito próximos e entre passos e giros isto acontecia de forma mais do que natural e tudo isto ao ritmo da Salsa.
Até cá não sei quantas músicas tinhamos passado a dançar, e então aconteceu que com os nosos labios muito perto um do outro decidram juntarse suavemente, foi um beijo suave, fugaz, más ao mesmo tempo cheio de muito emoção e com grande desejo de mais, depois aos nossas miradas se alinhavam e os nossos corpos se juntavam sem sentir cansanço só deixandose levar por os nossos sentindos mas decidimos parar e sair a tomar um pouco de ar fresco e saimos para um ambiente aberto dentro do local e sentamonós, ela tirou da sua mala um maço de tabaco e o preparou para fumar – eu fiquei um pouco dessiluido porque não gosto do cehiro do tabaco, mas ao mesmo tempo senti que não deveria fumar muito pois o seu alito não continha nada de tabaco, ou será que não senti nada pela emoçaõ que tinha, más fiquei calmo e continue deixando essas questiones para mais tarde.
Entre uma conversa e outra, ela perguntou a minha idade. Não respondi diretamente; disse-lhe num tom brincalhão: «Tenho os suficientes para saber o que quero. E tu, quantos tens? Preciso saber para ver se não és velha para mim.»Ela sorriu e respondeu: «Tenho 25.», Pegou um cigarro e, entre tocadas, comentou que, às vezes, também consumia marijuana. Seguimos para a sala de Bachata onde dançamos sem voltar a beijarnos mas sim com a mesma energia de o inicio ela um pouco distraida pois não gostava da Bachata tanto como da Salsa, mas ainda assim seguimos dançando e ela usufruia do momento e depois decidimos irmos para a sala de Kizomba.
Na sala de Kizomba, os nossos olhares encontraram-se num instante magnético. Como se fôssemos pólos opostos de um ímã, os nossos corpos foram puxados um para o outro sem resistência. O primeiro toque foi sutil, quase hesitante, mas à medida que a música fluía, também a nossa conexão se intensificava. Os seus dedos deslizavam sobre mim, enquanto o seu corpo acompanhava o ritmo com uma precisão que parecia desenhada para se encaixar no meu.
Os nossos rostos aproximaram-se, sentia a sua respiração quente tocar a minha pele. Os corações batiam ao compasso acelerado da música e, num instante de entrega silenciosa, os nossos lábios encontraram-se. O beijo era lento, exploratório, carregado de uma eletricidade que fazia cada célula do meu corpo vibrar. O sabor da sua boca, mesmo com o leve resquício de fumo, era surpreendentemente viciante. O seu aroma, uma mistura envolvente de desejo e mistério, fazia-me querer perder-me nela sem pressa de encontrar o caminho de volta.
Por um momento, ficamos assim, envolvidos num jogo de carícias suaves e beijos que alternavam entre o delicado e o intenso. Os meus dedos percorriam o contorno do seu rosto, desciam pela sua pele macia, e entrelaçavam-se no seu cabelo, puxando-o levemente enquanto a apertava contra mim. Os nossos corpos moviam-se juntos, como se aquela dança fosse a nossa linguagem secreta, um diálogo onde não eram precisas palavras. Sentia a sua pélvis pressionar-se contra a minha, criando um jogo silencioso de provocação e desejo.
Ao nosso redor, os olhares se multiplicavam. Havia curiosidade, surpresa, e até julgamento. Talvez fosse a clara diferença de idades, talvez a intensidade com que nos entregávamos um ao outro. Mas para nós, protagonistas daquela noite, nada disso importava. O que sentíamos era genuíno, real, e não precisava de explicação. A vida tem o seu próprio compasso, e naquela pista, ao ritmo da música, éramos apenas dois corpos e duas almas dançando no mesmo tempo.
Mais uma vez, os seus lábios entreabriram-se, permitindo que a minha língua explorasse a dela num movimento que selava a nossa ligação, como se fossemos um só. Naquele instante, não havia tempo, nem espaço. Apenas nós, rendidos ao que acontecia entre cada batida da música.
Num gesto inevitável, abraçamo-nos com força, sentindo a respiração ofegante um do outro, os corpos ainda em sintonia, absorvendo a energia daquele encontro. E então, como se o mundo à nossa volta começasse a se infiltrar na nossa bolha de desejo, desacelerámos. Mantendo as mãos entrelaçadas, saímos para a noite fresca, sem pressa, saboreando o que tínhamos acabado de viver. E num momento de pura magia, decidimos imortalizar aquela conexão — tirámos fotografias juntos, sorrisos sinceros, olhares cúmplices. Uma lembrança física de algo que, na verdade, já estava gravado na pele. Era o momento de sentir, de viver o instante, de deixar a noite guardar o segredo de um encontro raro, inesperado e intensamente memorável.
Nenhuma despedida foi dita, porque certas conexões não precisam de palavras para se fazerem sentir. Antes de partirmos, trocámos os nossos contatos, selando, não uma promessa, mas uma possibilidade. O destino, esse fiandeiro silencioso, decidirá quem dará o primeiro passo ou se, um dia, os nossos caminhos voltarão a cruzar-se.
O que está escrito nas estrelas não precisa de pressa, nem de força. O amor verdadeiro, se for real, reencontra sempre o seu caminho. E se as nossas almas foram feitas para se tocar novamente, então, seja em outra cidade, outro tempo ou sob outra lua, elas irão reconhecer-se, dançar outra vez ao mesmo compasso e sentir que, apesar de tudo, nada foi em vão, porque aquilo que tem de acontecer, acontece.